OK, o título é meio chamativo, mas a causa é nobre e, que bom que você começou a ler este texto. A armadilha à qual me refiro são as tais pesquisas pulso ou contínuas que na verdade são pesquisas para vender assinatura de sistemas ou softwares de maneira recorrente.
E o pior, não há nenhuma evidência de que o aumento da frequência da pesquisa traga melhorias no clima organizacional e no engajamento, apenas sobrecarga para gestores e equipes implementarem ações que muitas vezes nem precisavam ser implementadas. O que se sabe, e de maneira bastante estudada e documentada, é que o excesso de pesquisas traz problemas. Veja alguns exemplos abaixo (entre dezenas), já servindo de dicas de leitura.
1. Este estudo destaca a tendência de taxas de resposta mais baixas em pesquisas organizacionais devido à fadiga dos respondentes e sugere que pesquisas frequentes podem levar a dados menos representativos.
Baruch, Y., & Holtom, B. C. (2008). Survey response rate levels and trends in organizational research. Human Relations, 61(8), 1139-1160.
2. A análise discute a fadiga do respondente em pesquisas online e os fatores que podem influenciar as taxas de resposta, como frequência e relevância das pesquisas.
Cook, C., Heath, F., & Thompson, R. L. (2000). A meta-analysis of response rates in web- or internet-based surveys. Educational and Psychological Measurement, 60(6), 821-836.
3. Esta revisão de estudos enfatiza a importância de controlar os vieses metodológicos em pesquisas, incluindo os efeitos da fadiga dos respondentes, para garantir resultados válidos e confiáveis.
Podsakoff, P. M., MacKenzie, S. B., & Podsakoff, N. P. (2012). Sources of method bias in social science research and recommendations on how to control it. Annual Review of Psychology, 63, 539-569.
O livro traz um capítulo que aborda a importância de estudar as áreas críticas do ambiente de trabalho e sugere que a implementação de melhorias pode ser mais eficaz quando a frequência de pesquisas é ajustada para permitir tempo adequado para mudanças e percepção de mudanças pelos colaboradores.
Leiter, M. P., & Maslach, C. (2004). Areas of worklife: A structured approach to organizational predictors of job burnout. In P. L. Perrewé & D. C. Ganster, Research in occupational stress and well-being: Emotional and physiological processes and positive intervention strategies. Elsevier.
5. Livro que aborda a teoria e a prática da mudança organizacional e discute os desafios na implementação de ações de melhoria com base em pesquisas e feedbacks, incluindo o equilíbrio entre a frequência das pesquisas e a capacidade de dar resposta às necessidades da organização.
Burke, W. W. (2017). Organization change: Theory and practice. Sage Publications.
6. Este livro apresenta uma discussão sobre a gestão da inovação e enfatiza a importância de um equilíbrio entre a coleta de informações por meio de pesquisas e a capacidade de resposta na implementação de melhorias e inovações.
Tidd, J., & Bessant, J. (2018). Managing innovation: Integrating technological, market and organizational change. John Wiley & Sons.
Só alguns exemplos para mostrar que aumentar a frequência não é solução para melhorar a qualidade dos dados e transformá-los em ações e mudança organizacional. Isso se faz com pesquisa de qualidade, com baixa margem de erro e processos de implementação de ações realmente eficazes. E é nesse terreno que nós damos show!
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